Memória das Vítimas do Holocausto. Os Justos, a liberdade e a obstinação do bem

Por Paolo Ondarza – Vatican News – 27/01/2021
Os Justos entre as Nações – pessoas reconhecidas por Israel que salvaram judeus do Holocausto – são testemunhas da liberdade e da esperança na escuridão da ideologia totalitária. Estas “pessoas comuns” são o foco de um dia de estudo e memória on-line promovido pelo Centro Interuniversitário de Pesquisa Bioética em Nápoles

Entre liberdade e responsabilidade há uma consanguinidade. Um não pode existir sem o outro. Juntos eles fomentam a esperança, a virtude e a força que nos permite opor-nos à morte. É citando o filósofo Emmanuel Levinas que Emilia D’Antuono, coordenadora do Seminário Permanente “Ética Bioética Cidadania” do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federico II de Nápoles, nos apresenta a conferência dedicada por ocasião do “Dia da Memória” aos “Justos entre as Nações”.

Liberdade incoercível

A “Liberdade Incoercível, a obstinação pelo bem” é testemunhada por pessoas que agiram heroicamente com o risco de suas próprias vidas e sem interesse próprio para salvar até mesmo um único judeu da fúria nazista do Holocausto. Essas pessoas são reconhecidas como “Justos”, uma honra concedida pelo Memorial oficial de Israel, Yad Vashem, desde 1962.

A obstinação pelo bem

“A liberdade é incoercível, apesar das tentativas da ideologia nazista-fascista e totalitária de desarraigá-la de nossa cultura e civilização, zerando a ética da nossa Europa”, afirma a doutora Emilia D’Antuono ao Vatican News. “A teimosia do bem se tornou evidente com os Justos. Estou convencida de que não teria sido possível recompor o ethos europeu das lacerações nazistas-fascistas se os seres humanos “comuns” não tivessem na rotina diária de suas vidas salvado os homens, a honra e a dignidade da humanidade”.

Discernimento

“Os Justos – continua doutora Emilia – testemunharam que a liberdade e a prática do bem são possíveis mesmo em situações extremas. Teria sido mais fácil não agir e, sob a desculpa do medo, conformar-se a um pensamento comum. Muitas histórias dos Justos – acrescenta – nem sempre são histórias com um final feliz. Muitos pagaram suas ações com suas vidas. A consciência dessas pessoas sempre distinguiu o bem do mal, eles preservaram este ‘discernimento’, para usar uma palavra cara ao Papa Francisco”.

Durante a conferência, na presença de representantes das comunidades judaica e acadêmica, participação os parentes de alguns conhecidos “Justos”, como Franco Perlasca, filho de Giorgio Perlasca que em 1944 salvou a vida de mais de cinco mil judeus húngaros. Também contará com a participação da Irmã Grazia Loparco, professora da Pontifícia Faculdade Auxilium,  com uma palestra intitulada “Cumprimos nosso dever. As religiosas que esconderam judeus em Roma (1943-44)“.